Já tá com saudade da Copa? Nós estamos! E para piorar o clima: chegou
a hora de nos despedirmos da série "Amor à distância no futebol",
infelizmente. Apesar de toda nossa enrolação e demora pra postar os textos,
adoramos ter pessoas querendo participar e compartilhar suas histórias com a
gente. Agradecemos novamente aos torcedores apaixonados que enviaram seus
relatos. Muito obrigada!
Aqui estão os relatos de torcedores do Santos, Vasco e Palmeiras (Muito
obrigada a todos!). Aviso que não fizemos muitas mudanças nos textos, - nem
desse post nem dos anteriores - apesar de que muitos gringos nos permitiram
fazer todas as alterações que quiséssemos. Achamos que alguns possíveis erros
de português insignificantes não prejudicariam o entendimento do texto.
Bom,
tudo explicado, bora para os relatos:
Santos
Alejandro nos mandou um texto emocionado e agradeceu muito a todos os santistas que o apoiam.
Meu nome é Alejandro, tenho 22 anos,
eu moro em Guatemala e torço pro Santos FC. Meu amor pelo Santos começou quando
eu tinha 8 ou 9 anos, sei lá. Meu tio que era um grande fã do Pelé sempre me
falava como ele era bom de bola e que ele achava que ele tinha sido o maior
jogador do futebol na história. Eu sempre fui apaixonado pelo futebol, sempre
joguei no colégio e tal, mas eu além de jogar gostava de saber um pouco mais e
gostava muito de assistir reportagens das copas do mundo e aí eu vi um destaque
que eles fizeram pra Pelé na copa de 62 e achei ele um baita jogador, aí
comecei a pesquisar um pouco mais dele e encontrei que ele tinha jogado no
Santos FC.
Aqui na Guatemala agora só às vezes
passam os jogos do Santos, mas naquela época nunca consegui assistir um jogo
porque as emissoras daqui não passavam o campeonato brasileiro. Eu só podia ler
nos jornais que o Santos tinha sido campeão do campeonato brasileiro de 2002 e
logo no de 2004, mas não podia assistir os jogos. Então foi ficando um pouco de
lado essa atenção que eu prestava ao Santos.
Houve um tempo em que eu tive que
assistir outros campeonatos como o espanhol, o italiano e o inglês porque as
emissoras aqui passavam esses campeonatos. Foi até 2007-2008 que eu soube que
na internet alguns sites passavam os jogos do Santos e foi assim que eu tive a
chance de poder assistir o Santos pela primeira vez, não só ler os resultados,
mas assistir os jogos ao vivo pela primeira vez na minha vida. Mas sempre
existem essas dificuldades de morar tão longe do Brasil. Por exemplo, não
consigo as camisas do Santos aqui, não consigo bater um papo com alguém sobre o
futebol brasileiro por essa situação que o futebol brasileiro não é tão
conhecido aqui. Agora só por causa da copa muita gente botou o foco no Brasil e
em algumas equipes, mas ainda não é tão popular.
Torcer pra um time que não é de
“conhecimento público” aqui é meio difícil porque só posso assistir os jogos na
internet e algumas vezes na TV só se a ESPN ou a Rede Globo passam os jogos,
mas quase sempre é na internet. E ainda mais por causa do “preconceito” que
existe por parte de algumas pessoas que assistem o futebol europeu e não
imaginam que alguém não torça por algum time desses, mas eu acho isso como uma
moda mais do que amor ou paixão por um time. Muitas pessoas acham que seria bem
mais fácil que eu apoiasse algum time que não seja tão “complicado” de
acompanhar, mas não me identifico com nenhum time a não ser o Santos ou mesmo a
seleção Alemã (Tenho família alemã).
Mas se não fosse o apoio da minha
família, da minha namorada e de todos os Santistas que eu tive a fortuna de
conhecer por meio das redes sociais, acho que seria bem mais difícil acompanhar
o Santos. A torcida me acolheu muito bem, sempre tem coisas positivas a dizer
quando eu falo que moro tão longe do Brasil e ainda acompanho o Santos. Então
eu fico bem agradecido pela maneira que eu fui acolhido que me fez sentir como
se eu já fosse parte da família maravilhosa do Santos FC e graças a esse
carinho, eu nunca me senti sozinho torcendo de tão longe.
Algum dia espero poder ir lá na
baixada, possivelmente morar lá e ir a Vila Belmiro e assistir o Santos a cada
domingo e conhecer pessoalmente a todas essas pessoas que tem me ajudado a me
sentir parte do Santos, eu considero eles como os meus amigos. Graças ao Santos
eu tenho conhecido pessoas maravilhosas e sou muito grato por isso. Graças ao
Santos eu aprendi a falar português por minha conta e graças ao Santos eu sou
quem sou, então o Santos é bem mais do que um time pra mim, o Santos se fez
minha vida e não me arrependo de nada, tudo o que eu tenha que passar para ver
o Santos vale a pena, então eu fico feliz por ser parte dessa grande família
que continua me surpreendendo a cada dia mais.
Vasco
Priscila escreveu um ótimo relato de sua história e de seu sonho em relação ao time.
Bom,
meu pai sempre gostou de futebol, e desde pequena acompanhava os jogos com ele
(e por contrariedade ele e toda a família são São Paulinos), daí um dia
assistindo jogo do Vasco, vi um jogador brilhar, o Edmundo, ouvia falar muito
nele, me encantei, me apaixonei e sou apaixonada por ele até hoje, é um ícone
do futebol e do Vasco pra mim, resumindo, o meu amor pelo Vasco passou a
existir graças ao Edmundo, eu digo amor, porque mesmo ele saindo do Vasco,
jogando em outros clubes, não deixei de ser Vascaína em nem um momento. A
principal dificuldade é não poder ver meu Vasco jogar de perto, não poder
acompanhar os treinos, ir em São Januário, que é meu sonho *---* .Em relação a
morar longe do meu time, sou tranquila, porque sei que meu amor por ele não tem
limites, não vou deixar de amá-lo, de torcer, só pelo fato de ser longe. Comigo
em relação a torcer por um time que não é da mesma região nunca rolou
preconceito, nenhum tipo de cobrança. Ah, os Vascaínos adoram saber que torço
pro Vasco, claro, já os anti, sempre rola aquelas piadinhas que pra mim não faz
diferença ;) .Por enquanto morar no Rio não tenho planos, mas pra ir lá visitar
e tals, eu quero .
Um
sonho que tinha era ver meu Vasco jogando de perto, e graças a Deus já o vi, em
Campina Grande pela série B, não esqueço nunca aquele dia, uma emoção que chega
a arrepiar a pele. E hoje estou contando as horas, vê-lo de novo em campo, de
perto, no jogo pela Copa do Brasil, coração ta a miiiiiil. Agora meu sonho é ir
à São Januário ver meu Vascão jogando, no meio daquela torcida linda, naquele
caldeirão poder cantar, pular, extravazar de emoção ^^ .
Palmeiras
Jonathan mandou uma declaração ao Palmeiras através de seu relato.
Bem, eu sempre digo que torcer pelo Palmeiras não foi uma
escolha, e sim, algo que já veio no meu sangue. É até engaçado por que até meus
sete anos não o conhecia, pois morara num sítio e lá só ouvíamos falar de Vasco
e Flamengo -mas graças a Deus nunca torci pra nenhum- e só conheci o Palmeiras
quando vim morar em Juazeiro do Norte. Digo que veio no sangue ser palmeirense
por que meu pai era
palestrino e nem o conheci, mas sou Palmeirense. A maior dificuldade é de ver
os jogos apenas pela TV, tive a oportunidade de ir aos jogos em três jogos, sou
Sócio Avanti e não posso usufruir o direito de comprar o ingresso rsrsrs. Mas
nada abala meu sentimento pelo Verdão. Existe sim preconceito aqui, tenho amigos
que só torcem pelo Icasa, time aqui da cidade, me chamam de misto, mas, eu digo
a eles AMO o PALMEIRAS e gosto do Icasa. Não penso em morar em Sampa não, mas
claro que vou algum dia no Allianz Parque ver meu Palmeiras, esse é meu maior
sonho, estar no meio da torcida, lá, junto da Mancha, TUP, Savoia sei lá, só
quero estar lá. Palmeiras Minha Vida É Você!
Palmeiras
Kristian Bengtson nos permitiu unir suas respostas em um texto comum, mas achamos interessante deixar da forma que ele nos mandou para mostrar as sugestões de questões a serem abordadas que propomos nessa série. Mesmo em forma de entrevista, vale a pena ler! Tá muito bom!
- Como você conheceu e passou a torcer pelo seu
time?
De pai sueco e mãe brasileira, morei na cidade de
Uppsala, Suécia, até meus 25 anos de idade. Cheguei ao Brasil em 1998, para
fazer um estágio, pensando que eu seria gremista igual minha mãe. Em menos de
uma semana, já era palmeirense.
- Qual a principal dificuldade em morar
tão longe do seu time?
Continuo morando no Brasil, mas em Brasília. Longe,
mas não tão longe como seria torcer da Suécia. Com a tecnologia de hoje, fica
cada vez mais fácil acompanhar seu time mesmo de longe.
- Como você se sente torcendo por um time de tão
longe assim?
Absolutamente normal. A conexão foi imediata e a
paixão pelo Palmeiras continua crescendo a cada dia. Tempos atrás, eu dizia que
eu era um sueco palmeirense. Hoje, digo que sou um palmeirense sueco.
- Existiu algum tipo de preconceito das
pessoas próximas ao saber que você não só não torcia para um time da sua
região, mas também torcia para um time de outro país?
Meus amigos na Suécia acham normal, já que moro no
Brasil há quase 16 anos. Eu, por outro lado, pensei que talvez eu encontrasse
resistência por parte de torcedores no Brasil, e principalmente por torcedores
em São Paulo, os que mais giram a catraca. Mas não: a aceitação tem sido
fantástica. Posso dizer isso porque eu acabo me expondo bastante por meio do
meu blog Anything Palmeiras (http://anythingpalmeiras.com) - o único blog em inglês que fala exclusivamente
sobre o Verdão. Nesses três anos como blogueiro, posso com orgulho da nossa
torcida afirmar: em nenhum momento a minha dedicação ao Palmeiras foi
questionada ou ridicularizada. O Palmeiras e o palmeirense me receberam de
braços abertos. Tanto que o blog tem uma média de umas 180 visitas diárias, com
visitas de mais de 160 países registrados.
- Qual a reação das pessoas ao saber que
você torce para o teu time?
Ficam curiosos. Querem saber por que eu escolhi o
Palmeiras. Eu não tenho uma boa resposta. Paixão é paixão. Costumo dizer, com
toda modéstia, que não fui eu quem escolheu o Palmeiras: foi o Palmeiras quem
me escolheu.
- A maioria dos torcedores tem planos de
morar no estado/cidade de seu time. Você tem planos desse tipo?
Não tenho. A minha vida está muito bem ajustada em
Brasília, vivemos bem aqui minha esposa e eu. Mas é claro: se eu um dia
precisar me mudar para outra cidade... São Paulo estaria no topo da lista.
- Como um torcedor de tão longe, qual seu
sonho?
Quero sempre conhecer mais dos bastidores, conhecer
pessoalmente as pessoas que batalham incansavelmente para fazer do Palmeiras o
melhor possível. Por meio do meu blog e das redes sociais, acabo conhecendo
muitos deles virtualmente, mas as oportunidades de trocar ideias "ao
vivo" não são tão frequentes.
Meu sonho é ver o Palmeiras fortalecido, com uma
gestão implementada no padrão dos melhores clubes da Europa, jogando no
caldeirão que será o Allianz Parque para 30-40 mil torcedores a cada jogo. Eu
acredito que esse sonho será realizado. Não hoje, não amanhã. Mas com trabalho
duro e sério, acredito que o Palmeiras pode chegar lá em 10-12 anos. E chegará.
E no que for ao meu alcance, quero contribuir.
E é isso, pessoal!
A gente queria poder mostrar textos de representantes de
todos os times, claro, mas não recebemos de todos. Por fim, agradecemos todos
os twitteiros com perfis de grandes times que nos ajudaram a divulgar e
encontrar os torcedores, muito obrigada!